Capítulo 14
Flavia assustou–se tanto que seus dedos se apertaram subitamente, amassando o exame de pré–natal que segurava. Quando se deu conta, virou o exame de cabeça para baixo sobre o sofá.
Ela se levantou do sofá e virou–se para encarar Thales, tentando se acalmar.
Flavia: O acordo de divórcio, você quer dar uma olhada?
Thales fixou o olhar nos dedos dela, e então, seu olhar se deslocou para o rosto dela, e seus olhos escureceram, como se a temperatura da sala tivesse caído vários graus.
Ele caminhou até Flavia e parou diante dela, estendendo seus dedos longos. “Deixe–me ver.”
Flavia engoliu em seco, encarando o olhar profundo dele, com os dedos apertados juntos.
“Não é para nos divorciarmos? Me mostre.” Ele estendeu a mão um pouco mais, olhando para ela intensamente, como se pudesse vê–la por dentro.
Flavia não sabia se ele havia mudado de ideia ou se percebera que ela estava mentindo.
Mas ela não teve coragem de mostrar, ela havia perdido um filho, e esse filho, ela não ousava arriscar novamente.
Finalmente, Flavia, tremendo, estendeu a mão e a colocou na dele.
Então, ela encostou o rosto no peito dele e esfregou levemente.
Thales manteve–se inexpressivo, sem se mover.
Depois de um momento, Flavia soltou–se dele, deu um passo para trás e gesticulou.
Flavia: Não vamos nos divorciar, eu estive errada.
Ele levantou ligeiramente as sobrancelhas, “É mesmo?”
Ela assentiu, olhando diretamente para ele com olhos sinceros.
Após um momento, ele suavizou a expressão, levantou a mão para acariciar seu rosto, e sua voz tornou–se mais suave. “Então, não me faça ver essas palavras novamente/ ok?”
Flavia apertou os dedos, assentiu e sorriu para ele.
Ele retirou a mão e subiu as escadas.
Flavia soltou um suspiro, sentando–se sem forças no sofá, pegou novamente o exame de pré–natal, rasgou–o em pedaços, formou uma bola e jogou no lixo, destruindo completamente qualquer vestígio.
Thales foi para o estudo, aparentemente sem planos de sair à noite.
Flavia foi para a cozinha e preparou um jantar completo.
Ela se aproximou da porta do estudo e bateu quatro vezes, o sinal combinado entre ela e Thales.
Quatro batidas significavam que era hora de jantar, três que ela precisava falar com ele, e duas que ela tinha algo para lhe entregar.
Pouco depois, Thales desceu, vestindo uma roupa de casa cinza escuro, solta, o que o fazia parecer magro.
Seu cabelo também estava solto, as arestas frias haviam desaparecido, fazendo–o parecer vários anos mais jovem, como um estudante universitário de vinte anos. Vestindo essa roupa, ele indicava que não sairia mais, a menos que o mundo acabasse.
E essa rotina se provou verdadeira.
Durante o jantar, o celular dele tocou, Flavia deu uma olhada de relance, era Rosana ligando.
*Como esperado, ele deu uma olhada e colocou o celular no modo silencioso, virado para baixo na mesa.
Nem mesmo a pessoa amada ferida no hospital poderia quebrar suas regras.
Ele olhou para Flavia, que imediatamente baixou a cabeça, continuando a comer em silêncio.
Eles terminaram o jantar em silêncio.
Quando Flavia terminou de lavar os pratos, Thales estava sentado no sofá, acenou para Flavia, “Venha aqui.”
Flavia hesitou por um momento e, em seguida, sentou–se ao lado dele.
Ele pegou o controle remoto e ligou a TV, liberando uma mão para envolver o ombro dela, virando a cabeça para perguntar, “Qual desenho animado você quer assistir? Eu assisto com você.”
Flavia olhou para o rosto dele, tão perto, e por um momento, pareceu perdida em pensamentos.
Por um instante, pareceu que haviam voltado ao tempo de criança.
Vendo que ela não respondia, ele começou a assistir a “Mônica e seus Amigos“.
A melodia familiar começou a tocar, e um brilho apareceu nos olhos de Flavia.
Quando ela tinha dez anos, foi ridicularizada por Gabriela por assistir “Mônica e seus Amigos“, que trocou o canal do controle remoto.
Thales veio, dominador, trocou de volta para “Mônica e seus Amigos” e sentou–se ao lado dela para assistir.
Mas… ela já não assistia mais desenhos animados.
Ela ja havia crescido.
